Cadeados cerrados. Viva a prisão diária! As chaves, onde estavam as chaves? Olhei para minha bolsa e lá no canto estava o brilho das pequenas. Peguei-as, abri o primeiro cadeado. Segundo obstáculo, as meninas em minha direção. Não! Não!! Xô, pra lá!! E nada delas afastarem, eu de short e as pernas sendo delicadamente desfiguradas pelas unhas das minhas meninas. Terceiro obstáculo, o segundo cadeado, era preciso abri-lo. Consegui. As minhas pernas fazem um movimento veloz e confuso, vou direto para o quarto do meu irmão e......... ACORDA!!!!! ESTAMOS ATRASADOS!!!
Hoje é dia de Folclore, dia de o colorido invadir as ruas de Feira de Santana. Dia dos sorrisos brotarem dentre a tristeza das nossas avenidas. Dia de sair com meu irmão, fato raro. Ele acorda, a sua calma me irrita. Tudo cuidadosamente arrumado pelas suas mãos e eu ali com o coração na mão de tanta pressa. Enfim, conseguimos sair de casa, um transporte alternativo passava justamente na hora em que chegamos ao ponto. Sorte! Eis o que chamo de sorte! Entramos no carro. Que cheiro mais desconfortante. Era o suor se espalhando como perfume caro de butique. O ponto estava próximo, mas o desequilíbrio causado pelas chamas do calor fazia o tempo parar. Finalmente o ponto. Eu desço, ele desce, nos descemos. Mais uma longa caminhada a fazer já que não tínhamos dinheiro para dois transportes. O silêncio gira em nossa volta. Ele não conversa comigo nem eu converso com ele, e seguimos em frente como os dois irmãos que somos. Após muito tempo, chegamos ao destino final. Três pessoas estão sentadas, era a equipe do desafio Nobre do meu irmão. Ao lado uma equipe tinha o nome Anauê. Uma saudação ao integralismo de Plínio Salgado? Será que estou vivendo o fascismo? Não, era apenas um “oi” em uma língua indígena qualquer. Eram 9 horas. 10, 11.....Começa o desfile. As primeiras cores começam a surgir. Luvas, cartolas, tambores, palhaços, na Getulio Vargas o ar muda sem parar. Guarda-chuva, Maria bonita e lampião incorporam personagens citados. É lindo ver o dia colorir, azul, amarelo, vermelho, verde e mais ima infinidades de cores me fazer sorrir. É o dia do folclore que nunca vi, o meu primeiro dia, que nunca vai se repetir.