Vamos brindar o quê?

Estava eu viajando pela blogosfera, ainda mais agora que descobri a comunidade do blog no Orkut. Pronto, fico horas e horas vendo os links que as pessoas postam. Confesso que é difícil arranjar leituras legais, geralmente as pessoas dificultam o texto, não pelo significado, mas pela má construção das frases. Ou então quando aparece aquela diagramação em blocos, sem nenhuma foto, para pelo menos quebrar a seriedade. Esses eu nem começo a ler, passo logo para a próxima opção.

Porém, um desses sites trazia um texto que chamou bastante a minha atenção:

Um brinde aos homens

"É bem verdade que as mulheres querem provas de amor eterno o tempo todo. Passam a vida testando os pobres dos homens para saber se eles gostam mais delas ou da mãe, ou do carro, ou do flamengo, ou dos filhos... Quando uma mulher vê seu homem de gravata nova e caprichando na frente do espelho, ela logo pensa: "Aí tem...". Já o homem, quando vê sua mulher lindona, de salt

o alto, cabelo novo, convida logo pra sa

ir, feliz em poder exibir a mulher que, pra ele, é a mais

linda do mundo.

A questão é: Existe amizade e harmonia entre esses dois seres? É difícil, mas existe sim.

Fiquei pensando nisso porque esses dias me disseram que eu preciso de uma amizade feminina pra me acompanhar, me aconselhar e fofocar. Será que preciso mesmo? Não. Nunca me dei bem com as mulheres, qualquer briguinha de casal que eu via, eu dava logo razão para o homem. Eu já não aguento mais os papinhos das mulheres, as frescuras, as fofocas, pior ainda, a falsidade.

Uma amiga vê a outra na rua e diz: "Ai amiga, você tá linda nesse visual!!".

Mas é só ela virar as costas pra pensar: "Essa vaca tá se achando!".

Um amigo vê o outro na rua e diz: "Vai cortar esse cabelo seu fdp, larga de ser viado!!". E quando o cara sai ele pensa: "Gente boa esse muleque, parceirão!!"

Definitivamente, nesse fim de ano vou fazer um brinde aos homens (e aos gays) que souberam me acompanhar, me aconselhar e me ensinar a dar altas risadas de certas mulherzinhas que a gente via por aí.

Entre outras coisas...”

Eu fiquei assustada, para falar a verdade, com tanto machismo embutido nesse post. Primeiro que ela começa com a célebre frase “os pobres dos homens”. As mulheres testam os coitados para saber de quem eles mais gostam! É uma generalização, parece que a nossa amiguinha não conhece muitas mulheres e tem uma visão meio midiática e padrão do modelo de como as mulheres se comportam. Creio eu, que a nossa vida não depende da quantidade de afeto que um homem nos transmite. Acho importante, claro, o amor, carinho, companheirismo em doses não exageradas, mas isso vai de pessoa para pessoa. Nem todas as mulheres são ciumentas e possessivas. Pelo menos eu não sou assim, e muitas das que eu conheço tem espaço na sua vida para outras atividades como trabalho, arte, diversão, ao invés de gastar o tempo disputando atenção, por exemplo, com um carro! Hilário isso!

Depois ela cita um outro preconceito: Se o homem se arruma demais, é porque aí tem, agora quando a mulher se arruma o homem adora. Eu acho que quando nos apaixonamos por alguém, gostamos do modo como a pessoa se arruma. E claro há ocasiões de mudança de estilo. Por exemplo, nas festas sociais, as pessoas se vestem de outra maneira do que a casual. Eu mesmo adoro como o meu namorado se veste, e não o questiono se tem dias que ele se veste arrumado demais ou não. Todo mundo tem sua vaidade. Tem dias que ela está mais aguçada e tem dias que não. Se alguma mulher acha isso do parceiro, acredito eu, é porque ele deu bons motivos para que ela desconfiasse de suas saídas. Reparem, que ela citou quando o homem se arruma para sair é para sair sozinho e quando a mulher se arruma, é para sair com ele. Para ser exibida como um objeto. Nossa, eu ganhei o prêmio, tenho a “coisa” bonita do meu lado. Eu sou o herói. Como se o maior ganho da vida fosse ter uma mulher “bonita”. Por que ela não chamou atenção para algo que considero mais importante como: “Nossa, a minha mulher é super inteligente, sabe conversar sobre qualquer assunto, faz uma atividade interessante, etc, etc.” Mas não, o que presta único e exclusivamente é a beleza.

Se não bastasse, ela ainda aponta, um dos piores conceitos sobre mulher, em minha opinião: Fofoqueira! Todo mundo conversa, todo mundo fala sobre a vida alheia, não existe esse ser que nunca tenha comentado sobre a vida de alguém, sobre um amigo, etc. Por que a gente é que leva fama de fofoqueira? Não, todo mundo tem seu lado fofoqueiro também, querida! Será que você vive num mundo a parte? Se eu estiver errada, por favor, me corrijam, mas acredito eu que esse conceito de que pessoas que não falam mal, ou nunca fofocaram, ou nunca deram atenção a isso, não existe. É muito fácil falar, quero ver na prática.

Se eu já estava atordoada imaginem com essa última frase: “Eu já não aguento mais os papinhos das mulheres, as frescuras, as fofocas, pior ainda, a falsidade.” . Falsidade. As mulheres são falsas gente? O que ela falou não deixa de ser verdade, tem muitas mulheres que criticam as outras sim. Basta dar as costas para falar mal. Mas lembre-se, que todo dia vivemos a ditadura da beleza. O complexo diário de que temos que ser belas e perfeitas como as modelos de passarela. Aí alguém vai dizer: “Isso não existe”. Um bom exemplo para demonstrar o poder da alienação em vivemos está na praia. Sabe quando vamos a praia, e observamos uma mulher gordinha. É raro alguém não criticá-la. Sabe por que? Porque temos que seguir um padrão, senão, já era. E não vai ser só as mulheres que vão falar mal da gordinha, os homens também. Pode ter certeza. Se a pessoa não tiver uma percepção feminista da situação vai rir também. Simplesmente porque não observa o sofrimento que deve ser estar na pela da gordinha. Ser falada, criticada, apenas porque não é uma Fernanda Lima da vida.

Ah, mas confirmando o que eu disse acima, ela ainda deixa de lembrança a ultima frase: “Definitivamente, nesse fim de ano vou fazer um brinde aos homens (e aos gays) que souberam me acompanhar, me aconselhar e me ensinar a dar altas risadas de certas mulherzinhas que a gente via por aí”.

Imaginem, do que ela não deve ter rido e como deve ter sustentando atitudes machistas e preconceituosas?

Bom, esse foi o desabafo de hoje....