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Monday, July 7, 2008

Mulheres no palco: O diferencial que incomoda


Ilani Silva


Ansiosa por tocar, minutos antes do show, a baterista, Norma Juliete, 18 anos, bebe uma latinha de cerveja para aliviar a sensação de nervosismo, caracterizada por um friozinho incômodo na barriga.
Sendo uma das poucas meninas a tocar bateria em Feira de Santana, Juliete é considerada por muitos como “guerreira”, pois os preconceitos formados em torno de sua vocação não são raros, pelo contrário, constantes. “Os garotos ficam observando tudo, qualquer falha, eles já dizem: Só podia ser mulher” afirma a baterista.
A cobrança em torno das mulheres que tocam instrumentos é maior do que com o sexo masculino, geralmente as bandas são compostas por homens, e quando uma mulher assume uma posição que as pessoas estão pouco acostumadas a verem, é motivo de maior crítica e preocupação.
Uma das justificativas para a escassez de mulheres no palco, tocando instrumentos, começa dentro de casa, com o preconceito dos pais. “Estávamos precisando de uma guitarrista. Eu tinha uma amiga que sabia tocar, mas o pai dela reprimia seu talento. Falava que guitarra era coisa de homem”, conta indignada Amanda Queiroz, 16 anos, tecladista.
Outras pessoas desconhecem a presença do sexo feminino em cima dos palcos, exceto quando a profissão é relacionada com o canto. Norma Juliete, descreve que quando ela e as integrantes de sua banda foram fazer camisas organizadas para os fãs e amigos, assustado, o dono da gráfica questionou, após ter perguntado sobre a finalidade das camisas: “Existe banda só de meninas?”. Estas e outras perguntas são comuns na vida de Juliete que possui uma banda só de mulheres chamada Endometriose. “Fazemos um som agressivo, com letras que denunciam os preconceitos contra as mulheres, lutamos pela igualdade de direitos.”, afirma ela.
Existem grandes grupos contra o racismo, o preconceito contra homossexuais, a disputa entre as religiões, etc. “A mídia explora muitos desses assuntos, até mesmo nas novelas, mas pouco se fala sobre a má visão sobre as mulheres. O que se apresenta muito são os atos de violência praticados por alguns homens, mas a denuncia do discurso ideológico em torno de uma polarização machista ainda tem pouca visibilidade.”, diz Juliete e acrescenta: “Uma das questões camufladas na sociedade diz respeito à legalização do aborto. Não se tem debate, discussão. As decisões são tomadas sem o consentimento da população, principalmente a feminina.”.
Iolanda Silva, empresária nascida na década de 60, época em que as mulheres começaram a se rebelarem contra o machismo, conta que foi um momento difícil viver naqueles tempos. Nada era permitido. Era proibido sair de casa sozinha, pouco se falava sobre os métodos contraceptivos com as meninas principalmente por causa do tabu chamado virgindade. E as mulheres que optavam pelo meio artístico sofriam bastante preconceitos. Iolanda foi amiga da apresentadora Xuxa Meneguel na adolescência e quando a mesma saiu na revista Playboy automaticamente seu pai a proibiu de continuar a amizade. “No dia seguinte ele me disse: Filha essa sua companhia não presta mais” garante a empresária.
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