Sugar Rush é um seriado inglês que se caracteriza por seu conteúdo lésbico juvenil, baseado num livro de Julie Burchill que tem o mesmo nome, a personagem principal Kim Daniels mostra suas inquietações a respeito de sua opção sexual.É engraçado como os homens são tratados nesse seriado. Há um casal de gays que tem um filho, digamos, desajeito e que de fato não sabe lhe dar com garotas. Essa parte é bem interessante porque em alguns capítulos os pais se preocupam com os preconceitos que o filho sofre por ter pais gays, mas falha no momento em que não mostra esses preconceitos, pelo menos não os vi. E de alguma forma, o seriado não enfatizou nesse assunto.
Voltando ao tema homens, também é notável o tratamento com o pai de Kim, que é um pai totalmente em contraste com as “convenções sociais machista”, ele é o verdadeiro dono de casa, cozinha para a mulher e os filhos, limpa a casa, lava as roupas, faz tudo! Esse é o homem dos nossos sonhos meninas!! Hehhe! Não que o homem tenha que fazer tudo, mas dividir as tarefas sempre é bom, não? Porém não cumpre com as funções de pai, ele tenta conversar com os filhos, reverter à crise em que a família se encontra, pois cada qual tem a sua vida e nem parece que vivem na mesma casa. Não há um diálogo familiar.
Agora vem o caso mais importante. O irmão de Kim. Ele a cada episódio vai descobrindo suas semelhanças com o sexo feminino. Quando mais novo já tem comportamentos estranhos, diz ser de outro planeta, talvez por ter desejos diferentes. Há um episodio em que ele pinta seu corpo totalmente de azul e usa um aquário em formato redondo, como se fosse um astronauta, e fala ao pai que é de outro planeta. Mas ao longo dos capítulos ele vai se transformando, é um par de sandálias de sua mãe que veste. É uma calcinha que fica justa em seu corpo, e por ai vai. No final do capitulo ele já está bem transformado, posso afirmar que já tem tendências a ser um travesti de primeira categoria. E o autor também mistura um contexto mórbido ao garoto, que está sempre acendendo velas no quarto e dorme num caixão. Digamos que no Brasil chamaríamos ele de emo.
Kim Daniels. Garota bonita, cabelos e olhos castanhos claros encantadores, meiga, branquinha, inteligente e lésbica. Ela se apaixona por sua melhor amiga Sugar, que é homofóbica e ama os homens por pior que eles sejam. Essa personagem vai entrar em muitas confusões porque ela se envolve com vários rapazes, e chega até a ser estuprada. Porém as lições que a vida vai lhe proporcionando parecem não lhe servirem para nada, pois ela continua a se encantar pelos piores tipos.
Retomando Kim, esta tenta convencer Sugar a deixar essa vida, procurar por algo melhor, mas Sugar é a aquele tipo de amigo que todo mundo tem, que não quer nada com a vida, nada com responsabilidades, e ela me faz lembrar muito uma amiga minha. Kim apesar de perceber todos os defeitos da amiga, a ama completamente, ela confidencia esse amor, elas chegam a se beijar algumas vezes, mas, não é o gosto de Sugar que na primeira vez usa desse beijo para conquistar um rapaz na boate, pois muitos homens têm esse sonho de ficarem com duas mulheres ao mesmo tempo. Atitude esta que arrasa Kim, pois ela não queria aventura desse tipo, ela só queria manter uma relação com a amiga.
Não vou falar muito de Kim porque ela é a personagem principal, isso não me interessa muito pois ela vai passar por muitos obstáculos até “sair do armário”. Mas ao final da segunda temporada ela vai se dar bem, vai arranjar alguém que goste dela realmente e que está disposta a lhe ensinar os prazeres da vida. Quero enfatizar minha análise mais nas entrelinhas do seriado, os poucos percebidos.
Um fato interessante é a parte em que Sugar permanece algum tempo na prisão por furto. Não mencionei antes, mas ela era uma ladra e tanta. Sugar passa esse tempo na cadeia e no final fala explicitamente ao policial que não aprendeu nada nestes anos de prisão e que faria tudo novamente. Isso é uma realidade na política de ensinamentos através da lei. Prender nem sempre é sinônimo de aprender. A pessoa pode passar anos na cadeia e voltar a ser o que era quando livre. Acho uma bela critica em torno da política das prisões, como as pessoas são tratadas lá dentro. E que ser elas são depois de algum tempo sem liberdade.
É uma pena que o seriado tenha sido cancelado e tenham parado na segunda temporada. Era maravilhoso assistir episódios todos os dias de curta duração o que me fazia ver mais de um por dia. Era muito bom mesmo, acho que mais tarde vou revê-los. Agora estou no momento "The L word".