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Tuesday, February 3, 2009

Quando Alanis apareceu

Pela primeira vez, fui ao show de uma artista internacional que curto o som. Falo da Alanis Morissete. O evento aconteceu no Festival de Verão em Salvador. Chegamos no Parque de Exposição as 20:30. Já se notava a multidão que teríamos que enfrentar para ficar o máximo possível perto dela. A primeira banda do palco principal era Olodum. Não curto. Então fomos dar uma voltinha pelos outros palcos, eu, meu namorado Bruno e nosso amigo, comicamente apelidado de Skarro.





Fomos à direção do Palco onde estava rolando um som que eu repudio. Não sei o nome da banda, mas lembro de ter visto várias pessoas por debaixo do meu nariz dançando uma música, nada menos, que chamada “Rala xana no asfalto”. Não me perguntem o que diz a letra, ou qual o intuito de alguém escrever coisas desse tipo, só sei que muitas pessoas dançavam essa música completamente machista, e o pior de tudo, estavam novamente presentes várias mulheres que pareciam não estar dando a mínima para o que a letra representa para nós que lutamos pela liberdade das mulheres. É incrível como a falta de conhecimento e raciocínio infecta a mente das pessoas e as fazem optar pelo pior tipo de situação possível. Era ridículo ver várias mulheres num gesto de “aceitação estupral” na frente dos homens que ralavam “os seus”, nas garotas que estavam ali concordando com um ato sexual e machista. Difícil de engolir, mas o que poderia eu fazer? Mais uma vez fiquei estática e boquiaberta com aquela cena, que parecia a aquela mesma em que presenciei no dia da inauguração do viaduto em minha cidade



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Certo, não demoramos muito ali, compramos a cerveja e fomos para o palco alternativo, o som que tocava também não me agradava, era um axé guiado por um mauricinho de primeira categoria, e um público mínimo rodeado por mulheres que o paqueravam. Não, não era ali que ficaríamos até o show do Capital Inicial começar. Andamos mais um pouco, agora em direção a Tenda Eletrônica. Lá parecia ser o lugar perfeito, uma pena que as pessoas que me acompanhavam não queriam parar por ali. Ficamos um bom tempo conhecendo todos os lugares. O lugar estava lindo, muito bem iluminado, cores vibrantes me deixavam na dúvida, ao todo momento, de onde começo a olhar. Enfim, a sirene tocou, e corremos para o subsolo onde fica o palco principal do Festival. Novamente me surpreendeu o local. O palco estava lindo, com dois telões de alta resolução. Dava para analisar o olhar dos artistas e se emocionar com o sorriso deles.





Dinho entrou no palco. Nossa. Lá estava ele com a blusa preta e o nome vermelho grafado AC/DC. E o primeiro defeito que vejo da organização começa a surgir. Cadê a voz do Dinho? Alguém consegue entender o que ele está cantando? Não. O som do Capital Inicial estava muito mal equalizado. O público reclamou, Dinho ouviu os nossos chamados, lembro dele falando. “Como é? Eu estou a quanto tempo cantando e vocês não estão ouvindo nada?” E o olhar dele de desgosto com a situação era inevitável, ainda mais sendo mostrado naqueles super telões que não deixam escapar nada.





Enfim, curtimos o show, fiquei triste porque ele não tocou Fátima, nem Veraneio Vascaína, para falar a verdade a apresentação do Capital foi decepcionante pelo fato do repertório ter sido 99% baseado nas músicas mais conhecidas dele e por ter também feito cover dos Raimundos. Que me poupe, ninguém agüenta mais ouvir “Mulher de Fases”. Deixaram de tocar várias músicas legais do Aborto Elétrico, mas enfim, Dinho e os outros músicos estavam ali, e o olhar dele me era de tanta alegria, que é impossível eu descrever nesse pequeno texto o que ele conseguia transmitir para nós, seu público.





Acabou o show, agora era o momento mais esperado da noite. Ela, a mulher, cantora, estrela da noite, ia entrar. Aguardávamos desesperados pela sua apresentação. Lembro da repórter que passa nos intervalos de cada banda ter comentado sobre sua atitude de levar consigo seus cachorrinhos para a turnê no Brasil, e que eles estavam junto com ela no camarim. Eu achei tão fofo isso, porque é raro alguém amar tanto um animal assim para tê-los até antes do show em sua companhia.





Nossa posição diante do palco não era perfeita. Havia pessoas muito mais próximas. Eu queria ser uma delas, mas sabe como é, não deu. A disputa era grande, e eu preferi ficar atrás de uma grande, onde estava na frente um câmera em trabalho. A ventilação era melhor do que ficar perto do palco sufocada!





De repente, começa o som do piano. Era ela, pulo mil vezes para enxerga-lá, mas tinha um casal na minha frente atrapalhando. Consegui desviar aqueles corpos, e a vi com uma roupa preta e uma blusa com detalhes brilhantes. Era Alanis Morissete cantando Uninvited. Lindo demais. As pessoas cantavam como se fosse um artista brasileiro muito conhecido. A sua expressão, mais uma vez eu olhando para o telão, era de uma artista cansada, experiente, mas que via naquela apresentação algo único, o amor pelo fãs, a transcendência pela música.





Definitivamente ela sabe como sentir o som que ela produz. E eu gostei de vê-la pulando, correndo, se batendo, caindo no chão de euforia. O som estava perfeito, nem parecia que tinha saído anteriormente uma equalização de péssima categoria. Mas quem iria deixar uma artista famosa como Alanis na mão? Sinto que tenham deixado Capital, pois deveriam valorizar também as bandas nacionais, afinal eles também tinham seu público ali presente, porque que para eles o som foi horrível e o de Alanis não? Culpa do operador de cada banda? Não sei. Não sei mesmo, seja o que for, o público não merecia isso. Mas enfim, voltando a Alanis. Foi o show mais emocionante que já presenciei. Até as músicas novas do Flavors of Entanglement estavam belíssimas, sendo que eu não curti muito esse cd. Mas na hora em que ela tocou Ironic, foi lindo demais, todos cantavam juntos. As três últimas músicas foram You Learn, Thank You e a outra não me recordo, mas foram lindas! Eu amei o show demais, que venha Alanis denovo e estarei colada lá. Quem não foi perdeu, um grande show, uma apresentação única. Uma artista de verdade, lembrando que a voz dela é perfeita ao vivo, igualzinha como no cd. Agora é só esperar o próximo janeiro, o próximo grande show do Festival. Ahhhh...deixa que contar que Lan Lan estava bem perto de mim, mas fiquei com vergonha de falar com ela, depois do show de Alanis fomos para o Palco Alternativo ver Moinho, a nova banda dela com Emanuele Araújo. Foi ótimo, outro showzasso, uma pena que só pegamos o final, pois claro, eu dei preferência a ver Alanis. Depois, seguimos nosso rumo em direção a noite. Dormir agora era a nossa melhor opção, o cansaço tomava o corpo como nunca.

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