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Friday, March 6, 2009

Crítica do filme "O livro das Revelações"







Ontem assisti o filme “O livro das Revelações” de Ana Kokkinos. Pelo titulo do filme jamais o assistiria, porque devido a um pré-julgamento meu em relação ao título, o acharia desprovido de criatividade, porém, ao ler a sinopse fiquei bastante interessada e resolvi dá-lo essa chance.



Primeiro porque narra a história de um dançarino que é seqüestrado, abusado sexualmente e torturado por três mulheres. Você riu ao ler isso? Um rapaz assediado por três mulheres? Foi, foi isso mesmo o que você leu! Foi por causa deste fato tão incomum acontecer que resolvi fazer uma análise desse enredo para vocês, caros leitores.



Não vou generalizar, mas muitos homens dos quais cheguei a comentar sobre o filme, acharam uma maravilha ser seqüestrado dessa forma. Principalmente para a finalidade sexual do abuso, pois claro, ninguém gostaria de ser torturado, a não ser um sadomasoquista qualquer.



Mas com o personagem Daniel foi diferente, ele não gostou nem um pouco da situação. As mulheres que usavam o rapaz pareciam ser de uma ordem religiosa, pois estavam vestidas dos pés a cabeça com roupas parecidas com as dos membros do Ku Klux Klan. Eram tecidos negros, com pequenas aberturas em lugares como olhos, bocas e partes baixas.



Tudo aconteceu quando Daniel saiu para comprar cigarros para uma amiga. (Essa amiga não dá para entender se é namorada, amiga, esposa...Eles apenas moram no mesmo quarto e faziam o par principal das apresentações de dança). Quando chega a esquina é circulado pelas mulheres que injetam nele uma espécie de sedativo. Ele desmaia e não sabe onde foi parar. Quando acorda apenas sente o toque feminino em seu corpo.



A partir de então ele começa a ser literalmente usado sexualmente. Ele não gosta. Não pediu por isso. Parece que feriu os seus “instintos masculinos” de estar por cima da situação. Ele tenta não fazer o que as mulheres pedem, mas o seu corpo parece não atender a sua mente.



Há uma cena que achei terrível. Ele não consegue ter uma ereção e uma das moças fica despida do pescoço para baixo. Masturbando-se a sua frente. Ele não pode fechar os olhos ou negar o que lhe pedem porque elas tem um objeto de tortura que machuca o seu tornozelo causando bastante dor. Então ele masturba-se e diz mais ou menos assim: “A mulher pode ser boa quanto for. Só que quando o homem fecha os olhos é nele mesmo que ele pensa”. Ele fecha os olhos e tem o gozo final. Fazendo, portanto, com que as mulheres odeiem essa sua atitude machista. Como se a transa não precisasse do estimulo dos dois, mas somente do homem.



É só um exemplo do que lhe acontece, não vou contar tudo senão pede a graça do filme. Mas quando ele é solto, o rapaz fica totalmente transtornado. Ele quer que as mulheres paguem por isso. Mas como você chegaria a policia para fazer esse tipo de denúncia? Daniel tentou, mas a reposta que teve foi o sorriso dos policiais gozando com a sua cara e dizendo que sorte do homem que foi seqüestrado por três mulheres.



Claro que essa história narra algo que eu nunca ouvi falar. Porém pode ser que aconteça um dia, quem sabe. Imagine o preconceito da sociedade. Ele não pôde contar o que houve porque seria motivos de risos, não poderia denunciar, não poderia fazer justiça com as próprias mãos. Nada. Ele estava totalmente de mãos atadas porque o estupro é algo que atinge somente as mulheres. Mas essa situação, aparentemente irreal, nos faz lembrar de casos bem próximos da realidade, em que o preconceito domina a história.



Uma analogia que pode ser feita ao filme é o caso de crianças do sexo masculino que são molestadas. Os pais e até mesmo a criança preferem não denunciar o culpado por causa do preconceito que a sociedade tem, mesmo que o rapaz tenha sido vitima de atos deploráveis quanto esse. Não importa se ele sofreu. Importa é que aconteceu e sua “masculinidade” foi alterada. Ele já não é mais 100 % homem.

Se ele conta, pede que seja em sigilo. Que a mídia não divu

lgue porque a criança deve ser protegida. Agora imagine que há pessoas, que mesmo vendo a situação de uma criança como esta, ainda sim consegue soltar piadinhas machistas do tipo: “Esse aí depois do que aconteceu, não volta a ser homem nunca”. Pasme, isso existe!!!



O filme se torna brilhante e gigante no ponto em que nos chega

a pensar sobre a realidade em que vivemos, porque me parece uma grande metáfora desses tipos de casos. E mostra-nos que o machismo naõ prejudica somente as mulheres mas também os próprios homens.

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