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Wednesday, May 13, 2009

Ser do interior é um problema?


Por falta de recursos físicos, a nossa Universidade Federal do Recôncavo da Bahia entrou em convênio com a Universidade Federal da Bahia. Ou seja, os laboratórios que deveriam ter em Cachoeira, onde o nosso campus está localizado, foram substituídos temporariamente (não se sabe até quando) pelos já concluídos da capital.

Desde o início fiquei angustiada em ter que ir dois dias na semana para Salvador. Primeiro porque moro em Feira, e os gastos para me locomover até lá seriam maiores. Isso, em partes, foi resolvido, pois saímos de Cachoeira para Salvador com o ônibus da Universidade, portanto não precisamos arcar com a despesa de transporte e a alimentação também nos é dada. Mas estudantes que vão e voltam para Cachoeira, todos os dias como eu, gastam mais tempo ainda em viagem, pois vamos para lá e de lá vamos para Salvador, para não pagar passagem mais cara. São três horas de viagem para ter conhecimento.

No entanto, um problema que me inquietava seria a recepção dos alunos e professores da capital. Há todo um preconceito formado sobre as pessoas do interior, seja sobre o modo de falar, vestir, alimentar-se, etc. E não seria diferente conosco indo até lá ocupar um espaço que não foi anteriormente destinado a nós.

O primeiro impacto se concretizou. O professor de radio-jornalismo nos tratou como ignorantes. Fazia perguntas do tipo: O que é ementa? Ou...Vocês conhecem Elza Soares? Claro que não é obrigação de ninguém conhecer tudo. E por ser a primeira aula com ele, ficamos tímidos de responder as perguntas, o que é super normal. Mas pelo fato de não interrompermos suas falas, ele concluiu que não tínhamos conhecimento suficiente para estar ali. Até aula de moda, ele disse que ia dar para a outra turma, porque nós não sabíamos nos vestir, conforme os padrões dele, claro.

É terrível passar por uma situação como essa. As pessoas te condenam por você não ser da capital, e te trata como caipira. Ninguém deveria ser tratado assim, principalmente vindo de um professor universitário, que tem conhecimento suficiente para não subestimar ninguém. Principalmente ele, que veio também do interior, não da Bahia, mas do Ceará.

Sempre tive colegas que tinham complexo de superioridade, talvez por possuírem uma capacidade maior de memorização do que outros alunos. Eles achavam que conheciam tudo, sabiam de tudo e os outros eram meros aprendizes. Eu olhava aquela situação e tinha medo, pois não queria ser tratada com inferioridade por ninguém. Minha memória é relativa, funciona para algumas coisas e outras não. Algo que me acontece com freqüência é esquecer o nome das pessoas. Pode ser a pessoa mais próxima de mim, e às vezes eu tenho esse branco implacável.

Então, o que quero dizer com essa fala toda é que todo mundo tem suas qualidades, e subestimá-las porque são do interior do estado é um grande erro. Amanhã teremos aula com ele novamente, e acho que sempre vou ter um post relacionado a isso, afinal tem-se que comentar essas injustiças.
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