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Friday, August 26, 2011

Depende da hora e da cor


 

O liquido vermelho brota sem parar. Não há controle, jorra como fonte inesgotável de água e nem a mais poderosa força mental consegue freá-lo. Tentamos esconder, calar o assunto, mas todo mês o tema vira alvo principal como o rei de uma simples partida de xadrez.

Nojo, insatisfação regada a mau humor e dores insuportáveis, assim pode-se descrever alguns períodos do ano. Mas hoje, felizmente hoje, quando por descuido, gostas escorreram pelo chão, vi a cor vibrante gritando, se isto não é poesia, não sei mais o que poderia surgir do rubor da alma.

O chão branco e alvo como filtro solar foi manchado de vermelho, cor que sai das entranhas sem química, mistura ou fórmula de produção brilhava e eu senti um pedaço de mim transfigurado, porém vivo, em chamas.
Não queria tirá-lo de lá, era arte, o plano tornou-se tela e o pincel composto de pequenos cílios pingava gota a gota a cor mais bonita do mundo. Pollock demorou anos até descobrir o dripping e nós mulheres já viemos com o dom da técnica de pintura, quem sabe presente da natureza?

 Ninguém conseguiria desvendar a imagem. É o tipo de pintura que denominamos abstrata. Diferente do artista que compõem traços para a eternidade, nós temos limitações e depois de algum tempo, o tom não é mais o mesmo, escurece e aos poucos uma parte de mim morre, de encontro ao chão, fim da transcendência artística.

Que saibamos aproveitar cada segundo desse belíssimo momento e observar o vermelho dentro de si, não com a agonia de um iniciante, mas com o prazer de uma velha artista experiente que degusta o tempo finito de sua arte.
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