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Tuesday, November 18, 2008

PROCLAMA ROCK

Dia 15 de Novembro veio como uma experiência única de demonstração do machismo presente na sociedade.

Mulher fazendo rock’n’roll ainda é tabu em muitas cidades. Não diferente, percebemos em Dias D’ávila a pressão e as agressões machistas por sermos uma banda composta só por meninas.

MADONA!MADONA!MADONA! Assim fomos recepcionadas logo de cara. Parecia que a gente ia fazer um som super light, já que as mulheres são sempre associadas a sensibilidade. Mas no caso da Endometriose não, a gente não pretende se conformar de forma alguma com esses estereótipos ridículos. Talvez estivessem chamando a gente assim porque passamos o som com Girls Just Wanna Have Fun, da Cindy Lauper.

Mas não, eu não seria tão ingênua de imaginar isso e me calar diante daquele hino machista a nossa frente. “Pra quem curte Madona, ouçam essa música”, assim falei um pouco antes de tocar Antagonismo Animal, musica de minha autoria que retrata as contradições do útero. Um som bem agressivo, mais hard core impossível. Alguns ficaram espantados, outros ficaram parados até o final prestando atenção no nosso som, e uma boa parcela estava no bate cabeça sem entender o que aquela musica e o que nossa ideologia representa.

Mais uma vez outro grita “fora ao sexismo”, e quem foi que disse que a Endometriose alguma vez foi sexista, nossa luta é justa como a dos negros, dos homossexuais e assim por diante. Lutar por liberdade de expressão, não a repressão, a censura que nos cala há anos nunca foi sexismo e jamais será, como expliquei, lutamos pela justiça feminina, igualdade de direitos, jamais superação da mulher em relação a qualquer outro gênero. Um rapaz bate na cabeça do outro que pronunciou o comentário e esse ri como se o que ele tivesse falado não fosse nada demais, mas pra mim representa muito, assim como mais tarde alguém grita “viva ao machismo”.

É difícil lidar com esse tipo de situação, afinal, as formas de machismo que vemos todos os dias são subjetivas, quando se torna fácil demais visualizar parece banal e mais ridículo ainda do que já é.

Tocamos todas as musicas do nosso repertorio, apesar dos apesares gostei do show por ter um forte apoio de muitas pessoas que se encontravam ali presentes. Um bom bate cabeça anima quem toca. Ver pessoas cantando suas idéias e concordando com elas também é gratificante.

Mais um dever cumprido, mais um exemplo dado para que mais meninas participem desse mundo underground repleto de preconceitos. Já soube que aqui em Feira já está sendo ensaiada duas bandas de meninas, isso para mim é maravilhoso porque mostra que elas podem também fazer o mesmo som, com mais qualidade, melhores idéias, melhor arte.

É triste chegar num show e ver que existem poucas meninas lá. Não as culpo porque quando era mais nova os meus pais não me deixavam ir aos shows e eu também nem podia fingir que ia para casa de alguém porque era proibidda de dormir em qualquer lugar que não fosse a minha casa ou onde não tivesse a presença dos meus pais. Isso é terrível, quantos festivais perdi por conta disso. Lutei até o fim, e consegui dar prosseguimento a todos os meus objetivos, foi maravilhoso quando os conquistei. Curti os shows, ir para qualquer lugar, falar sobre o que eu quiser sem ser tachada de vadia. Vadia, vadia. Termo esse que caracterizaram nossa banda. Por que será? A vontade que tenho é de tirar as minhas roupas quando estiver tocando e escrever em meu corpo vadia, assim como a Kathleen Hanna do Bikini Kill fez para ver se os machistas de plantão se mancam.

No final o bom e velho “Mais um, Mais um, Mais um”. Finalizamos com Imperfeição para o show não perfeito do ano.
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