É comum andar pelos shoppings e ver grupos de adolescentes vestindo-se de modo “singular”. Óculos estilo anos 80, blusas xadrez ou até mesmo calças coloridas compõem o visual do jovem atual.
As meninas se interessam pelo mesmo estilo, mas aderem também a moda pin-up, para quem não conhece, o termo foi usado para as mulheres que tinham um visual inocente e ao mesmo tempo sexy.
Mas quem é afinal o jovem do século XXI? Uma imitação do passado? A cada dia percebo o olhar dos adolescentes direcionado culturalmente para ações de anos anteriores, sejam elas em livros, música, jogos ou até mesmo no vestuário.
Parece que a produção atual não é convincente nem agrada os jovens. Na música, sucessos como Justin Bieber, Restart, Nx Zero e tantos outros alcançam certo público, mas são artistas passageiros que com o tempo caem em desuso.
Bandas como Nirvana, Guns’n’Roses, Led Zeppelin, The Clash, The Doors, Beatles que passam de geração em geração e nunca são esquecidas, não se encontram mais. Se perguntarmos qual o ícone rock de hoje, sobre qual banda do século XXI comentaremos?
É provável que aquele velho silêncio se pronuncie neste momento...
Não vejo mal algum em gostar do estilo retrô, o problema é quando uma geração passa a viver como se estivesse no passado e esquece de produzir o aqui e agora, ou talvez, até realize alguma atividade, mas de forma imitadora.
A busca pela singularidade atual em outros anos é problemática e ao mesmo tempo instigante. Devo confessar que sinto certo incômodo quando observo um jovem “velho” ao meu lado. Principalmente, aqueles que copiam atores, falam rebuscadamente em excesso, tudo para fazer um papel diferenciado.
Mas onde está o singular? Na cópia? Então, não posso chamá-lo assim! No final, tudo não passa de uma mera imitação.
O fato é curioso, pois se imagina que a fase de busca pela personalidade seja até aos 16 anos, no máximo 18. No entanto, percebo também que adultos apresentam sintomas de psicose pelo tal do singular-imitador. O que não deixa de ser estranho.
Aí destaco outro problema, a infantilização dos adultos. É verdade que há momentos na vida que não desejamos crescer. A responsabilidade, a imposição do trabalho e ganhos financeiros muitas vezes apresenta-se como um grande problema, mas infelizmente, não podemos fugir desta realidade.
E para compensar a saudade das épocas passadas, imitamos os anos 60, 70, 80... “Saudade”, digo, em leitura, porque boa parte não vivenciou estes períodos.
Daí começa aquela disputa, de quem sabe mais sobre isso ou sobre aquilo, geralmente conversas chatas que só interessam aqueles que estão em fase extrema do “I’m the Best”.
No fim, adolescentes e adultos agem da mesma forma, difícil diferenciá-los. O que deveria ser inspiração para o outro, torna-se semelhante e a singularidade tão procurada acaba uniformizando-se, virando moda e aderindo a massa.