Eu prometi que iria te ver quando voltasse, mas o tempo passou e eu não lembrei do acordo. O telefone, as redes sociais, os meios de comunicação em geral não fizeram com que eu vislumbrasse tua imagem e pensasse: “oh, preciso te ver”.
Todos os dias, uma avalanche de informações, o trabalho, a correria do tempo, tudo isso ocupou minha mente. Até que um dia, sentei em frente ao computador e abri arquivos antigos, fotos acumuladas dos ócios criativos.
Era eu e você, cantando loucamente, os cabelos ao vento, a boca vermelha de batom. Poses e mais poses, nesta época as horas não passavam com tanta rapidez e a gente podia dar boas risadas.
Lembra do dia em que você trouxe os capacetes? Mascávamos chiclete, mas mesmo assim não deixamos de gravar o vídeo com a música criada na mesma hora sobre a situação delirante... “bola de chiclete com capacete”.
Mas isso tudo passou, não somos mais adolescentes, você estuda para um dia se endividar e eu trabalho para acumular. E de tempo em tempo me pergunto, aonde vamos parar?
Nossa amizade foi como a areia que o vento soprou. Mas eu sempre levo um saquinho no bolso, e tento apanhar os resquícios dessa passagem. Guardo tudo e quando menos espero, olha você ali.
Coisa boa é poder registrar, mas o que adianta viver de lembrança, com gostinho de saudade? Isso é tortura! Nos machucamos o tempo todo e não temos coragem de dar um fim a esses arquivos. Tortura, tortura, tortura!
Os momentos não voltam, mesmo que houvesse conversa, somos diferentes hoje. E você, eu nem te reconheço mais, talvez seja melhor a tortura de uma lembrança feliz do que a realidade de uma companhia desgastante.
Talvez um dia a encontre novamente, mas agora só me resta o adeus.
Talvez um dia a encontre novamente, mas agora só me resta o adeus.