Estava eu parada ali na mesma pracinha de sempre, observando as pessoas que transitavam de um lado para o outro sem saber o que aconteceria mais adiante.
Sentei no banquinho esbranquiçado, ao meu lado poderiam ficar mais duas pessoas, mas só eu ocupava o lugar naquele momento. A solidão é um triste fim, mas a escolha era minha, então não havia o que reclamar.
Peguei o diário que tinha escrito há dez anos atrás e encontrei a menina mais ingênua do universo. Conversava com todos, milhões de amizade e ao mesmo tempo nenhuma, a felicidade relatada como um simples copo de cachaça que se bebe para esquecer o verdadeiro amargo da vida.
Paixões... o que seria da vida sem elas? O toque apimentado das relações, as brigas, as intrigas, o sexo, o beijo, o ciúme, o tempero que invade e dá sabor a monotonia. E no diário, eu reclamava, chorava, estava angustiada, mas hoje só me resta saudade.
O desejo no momento era que neste banquinho não estivesse sozinha comigo mesma e a menina do diário, mas com pessoas, conversando sobre histórias sem fim, papinhos bobos ou complexos que dão o sentido social da vida.
E as pessoas continuavam ali andando de um lado para o outro sem saber, que aquela velhinha esquecida no banco já teve a mesma energia, a mesma alegria o mesmo jeitinho de conviver.