Assisti recentemente “O segredo”, filme francês que relata a experiência de morte de mãe e filha depois de um acidente. Não sou do tipo espiritual, e apesar da semelhança do título, este texto não se trata daquele famoso livro que aponta a lei da atração e a importância do pensamento.
Si j'étais toi (título original) é uma história emocionante sobre uma família, em que como em muitas casas, a adolescente não tem bom convívio com os pais. Sam, a filha chata, não conversa muito com a mãe, ignora o pai, e se recusa a expor momentos de afeto com a família. Há uma cena em que sua mãe, Hanna, lhe pede um beijo e ela por muita insistência realiza o ato e posteriormente pergunta ‘satisfeita?’.
Antes de uma determinada viagem, Hanna tem uma noite maravilhosa com o marido que é oftomologista , eles transam na sala, e a frase que marca o filme é a que ele lhe diz “Vi quinze pares de olhos hoje mas meu dia não começa enquanto não vejo os seus”.
No dia seguinte, quando mãe e filha viajam, um acidente acontece e a dupla é encaminhada em estado grave para o hospital. O pai chega a instituição e percebe as duas lado a lado, respirando através de tubos, a mãe minutos depois, não resiste e morre.
A situação fica complicada, e é a partir daí que o filme chama atenção porque a filha está com o corpo intacto, mas sua mente é de Hanna. Ela está presa no físico da filha e faz de tudo para provar ao marido que ela é sua esposa, e não a filha.
Hanna consegue fazê-lo entender, mas não pode dar continuidade a vida que levava e decide experimentar as ações da filha. Vai à escola depois de anos, conhece os amigos, freqüenta festas e usa até mesmo drogas.
Seria legal se nossos pais pudessem vivenciar um pouquinho da nossa vida, não acham? Principalmente na adolescência, época mais complicada, um transtorno mental, eu que o diga, fui problemática demais com minha mãe, porque ela não me entendia e nem tão pouco eu a compreendia também.
Mas voltando ao filme, Hanna descobre que sua filha a amava demais através de relatos em seu diário. Prova disso, é que até a senha do armário escolar é composta da data de aniversário da mãe.
Um pouco mais tranquilia diante do fato, a mãe também tenta reviver os sonhos que não realizou por ter deixado tudo para virar dona de casa. Como era fotografa amadora, decide se especializar no colégio e registra todos os momentos, encontrando assim, um novo sentido para a vida, uma segunda chance para fazer o que não fez em detrimento do sucesso do marido.
Quantas mulheres não deixam tudo para anularem-se por um grande amor? Nem sempre há uma segunda chance e Hanna pode experimentar isso. Ela também descobre que a filha já tinha vida sexual ativa, sente desejos, os hormônios adolescentes fervem em seu corpo, mas neste sentido, ela não aproveita, mantêm e fidelidade ao marido.
Acho que o diretor do filme, Vicent Perez, não quis ser tão radical, afinal mexer com a vida sexual de uma mulher pode trazer sentido negativo para a reputação do filme, caso de machismo detectado. Plim, plim, plim!

Procura os novos amigos de Hanna, reclama, questiona o uso de drogas, mas este ponto no filme é bem light, não há dependência, é bem curtição adolescente mesmo.
O fim, claro eu não vou contar, mas a história vale a pena pela reflexão que propõem sobre como os pais poderiam entender melhor os filhos se conhecessem mais a vida dos adolescentes, as amizades, as experiências.
A distância entre pais e filhos muitas vezes ocasiona o crescimento de um estranho em casa e no futuro, isto pode gerar conseqüências graves e negativas.