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Tuesday, July 12, 2011

Reflexões sobre atividade em sala de aula e livro "O Estrangeiro"



Recentemente, freqüentei uma aula de psicologia e para que a turma se conhecesse a professora pediu que nos descrevêssemos com uma qualidade numa folha de papel.

A atividade parecia simples, mas o questionamento do eu sempre gera boas reflexões como aconteceu com o autor Albert Camus quando escreveu a obra “O estrangeiro”.

O livro trata de um homem indiferente ao mundo, desprovido de emoções que ao perder a mãe não chora nem se comove com o fato. Para nossa sociedade a atitude de Mersault, como assim é chamado, é um absurdo. Como não chorar por aquela que lhe deu a vida?

Mas o personagem é sincero, não sente vontade de chorar, não sofre por isso e não quer fingir um sentimento.  Assim como, quando a companheira lhe pergunta se a ama, ele responde que não, mas que isto não faz diferença.

No entanto, o valor moral da sociedade pesa sobre grandes decisões. Em um momento do livro, Mersault mata um árabe simplesmente pelo forte sol que se faz presente na praia. O instinto de agressão e ódio lhe faz, por um momento, agir e ter reação em relação ao mundo, mas parece que este não foi o momento certo para o rapaz expressar-se.

O personagem é preso, mas o julgamento do caso acaba direcionando-se mais para a frieza de Mersault em relação à morte da mãe, do que com o assassinato do próprio árabe.

O estrangeiro, o título do livro se refere ao próprio rapaz que se configura como um homem estranho a espécie humana, ou seja estrangeiro. Somente no julgamento, é que ele pode refletir quem ele é, com a opinião dos outros a seu respeito, mesmo que isto seja sua condenação á morte.

Ao ler esta obra fantástica, o leitor se depara com o absurdo das situações e o sentimento de revolta pelo que se espera do outro, culturalmente e socialmente falando.

Mas, voltando ao assunto da aula, quando paramos para analisar sobre nós mesmos, forçadamente pela professora,observo o quão complicado isto pode ser, não acha?

Eu me descrevo da forma que acho melhor, mas quase sempre faço de modo que seja complacente com que as pessoas esperam de mim.  Digo isso, porque se me qualificasse como, indiferente ou outro adjetivo qualquer e incomum, o que a professora e os alunos diriam?

A gente sempre está pensando no que as pessoas vão falar de nós e por isso temos que agir como esperam que um ser humano “normal” aja perante a sociedade, mesmo que para isso fingir seja a arma principal.

O estrangeiro me comoveu porque a linguagem seca do autor faz com que nós analisemos a vida do personagem de forma complexa. Nós percebemos a indiferença do rapaz com o mundo, mas a verdade no ser daquele jeito. Mersault não é uma pessoa ruim por não chorar ou por matar alguém sem motivo, ele apenas é assim e não finge ser “melhor” para os outros.

Durante a aula, uma garota disse que nunca pensou em quem ela era. Percebia-se visivelmente a dificuldade que tinha em se descrever.

Eu busquei o adjetivo mais simples para responder logo a questão, mas considero a atividade complexo e impossível de se resolver em simples minutos. No entanto, para uma breve apresentação, dizer que sou isto, ou aquilo e ponto final, basta.

No final do semestre, todos vão avaliar se aquilo que disseram é realmente verdade, e aí será avaliada a verdade dos fatos, se cada um descreveu a si mesmo como uma farsa que pode ser analisada como absurdo e gerar revolta, ou como simples sujeito da verdade.
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