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Friday, August 19, 2011

Dica de leitura: O falecido Mattia Pascal




Ao analisar a obra literária de Luigi Pirandello o leitor se depara com uma crítica sobre a vida das pessoas controladas por si próprias ou pelas regras sociais em que vivem. Um trecho significativo compara alguns homens com marionetes, que dominadas por uma força maior - pode se ler Deus ou princípios – seguem destinos que muitas vezes não coincidem com as múltiplas facetas da personalidade de cada um.

O personagem Mattia Pascal leva uma vida infeliz ao lado da mulher e da sogra, ambas descontentes com o convívio e a realidade econômica da família. Certo dia, ao explodir de angústia, Mattia viaja sem avisar a ninguém e acaba enriquecendo em jogos de sorte.

Passados dias, ele decide retornar para casa, mas antes compra um jornal para ler as notícias da região e descobre que acharam um corpo no rio. A mulher, a sogra e um amigo próximo identificaram-no como sendo dele. 

Momentaneamente a notícia sugere liberdade. Ficaria naquela condição, não voltaria e seguiria a sua vida, sem mais dívidas, pessoas chatas atormentando-lhe. Seria um novo homem, de fato enterraria o Mattia Pascal.

Assume uma nova identidade, Adriano Meis. Busca um novo lar, mas tem medo da sua farsa. Passa tempo inventando histórias diferentes da que viveu, já que era um novo homem, tinha que ter experiências diferentes.

Se depara com infortúnios, não pode adquirir casa, nada que precise de registro, afinal legalmente está morto. Passa a conviver então, numa pensão onde se apaixona por uma jovem tímida, pressionada pelo cunhado vigarista.

Sente o contato de família, com a religião por mais cheia de farsas como se apresenta no texto, apaixona-se depois de tanto tempo vivendo infeliz ao lado da mulher que não gostava. Ao mesmo tempo é torturado pela mentira, pela ilegalidade e não pode contaminar os outros com isso.

Há momentos em que é atacado por brigas comuns e não pode fazer nada, porque é um ilegal, portanto deve aceitar calado as ofensas, agressões e até mesmo roubo.  Além disso, não pode trabalhar, não pode compartilhar histórias que todos nós temos e sempre quando há oportunidade, gostamos de contar.

A vida que seria liberdade acaba se tornando uma prisão. O peso da morte sempre o atormenta, não vive sem a sombra da ilegalidade.

Outro ponto importante no livro é a diferença entre Mattia e Adriano, ambos identidades de uma mesma mente, mas diferentes quando analisados, o que implica a complexidade do ser humano, como em certas circunstâncias somos um e ao mesmo tempo dois, senão mais.

Engraçado, como é real a o desejo do personagem de largar tudo e viver uma nova vida, mas como nunca poderíamos fazer isso, afinal nossos laços familiares, sociais e sobretudo a vivencias que construímos estão  tão entranhadas em nossa mente que não conseguiríamos deixar de lado tudo, por mais sofrível que seja, não há como esquecer o passado .

O livro é um clássico  e pode gerar em alguns o preconceito da dificuldade de leitura ou até mesmo enredos lentos, incompatíveis com os tempos atuais. Luigi Pirandello ultrapassa essas barreiras e cria uma história fantástica que ao mesmo tempo triste, tem grandes picos de humor durante a leitura. Não foram poucos os momentos em que me peguei rindo com o Falecido Mattia Pascal. 

Portanto, fica para vocês mais uma dica de leitura!

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