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Wednesday, August 10, 2011

O dia em que esqueci o presente



Fui convidada a uma festa de aniversário. O convite havia chega com antecedência, há mais ou menos um mês. Com ele em mãos, fiquei observando os detalhes, as letras douradas, a imagem do bolo e o sorriso de felicidade da anfitriã.

 Não tinha vontade de ir, conversar bobagens com todas aquelas pessoas e fazer aparecer o sorriso amarelo diversas vezes em um só dia.

Aniversários se comemoram todos os anos, a idade muda, mas a festa e os convidados são os mesmos.   
Não tinha escolha, era um dia importante para minha irmã, por isso não poderia faltar.

Tomei um banho, vesti uma roupa qualquer e que me agradasse. Peguei um táxi e fui direto a casa de Flavinha. Cheguei um pouco atrasada, a festa estava cheia. Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para mim. Senti-me um lixo, sempre me incomodo com o ar de análise das pessoas. Não entendi o motivo das sobrancelhas enfezadas dos convidados. Alguns até me cumprimentaram, outros fingiram não me ver.

Segui a procura da aniversariante e lá estava ela, sorridente, com um vestido longo verde e uma maquiagem meio exagerada para sua idade. Quando me viu, Flavinha deixou tudo o que estava fazendo e me deu um abraço. Desejei lhe felicidades e todas aquelas bobagens que a gente decora, não por mal, mas porque falta criatividade mesmo.

Durante o abraço, percebi que as minhas mãos estavam vazias. Esqueci o bendito presente. Aliás, nem me lembrei de comprar. Flavinha não se incomodou com isso, disse que o mais importante era a minha presença.
Mamãe chegou alvoroçada, me encheu de desaforo e começou a analisar o caso com os outros convidados, pronto, era o motivo que faltava para as pessoas saírem da festa com um assunto em pauta.

- Ahh.. como pode, a própria irmã, esqueceu do presente! Que absurdo!

Fui à festa para ser julgada. O réu, o centro das atenções, minha irmã coitada, perdeu o brilho, sumiu.
Peguei um copo de wishky e fiquei ali sentada, sozinha. O meu ato era pecaminoso, parecia ter alguma doença infecciosa, afinal ninguém queria chegar perto da irmã malcriada.   

A hora do “parabéns” chegou. Todos ficaram em volta da mesa, o bolo no centro juntamente com Flavinha. Antes de começarem a cantar pedi um minuto de atenção. Novamente as sobrancelhas enfezadas viraram para mim.

Flavinha já conhecia o meu temperamento, ficou assustada, deu aquele sorriso amarelo.  Confesso que já estava um pouco alterada, o álcool fazia efeito.

Recitei uma poesia, umas frases rimadas, pura emoção. Chorei, chorei muito. A última coisa que senti foram as mãos me tocando para segurar o corpo em direção a terra. E tudo por causa de um presente.
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