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Saturday, March 28, 2009

Bancos antimendigos no Rio de Janeiro, a novidade do momento!

Recentemente, a Prefeitura do Rio de Janeiro implantou nos bancos da zona-sul da cidade uma divisória para que os mendigos não durmam nos assentos. Impedindo, portanto, que qualquer pessoa estique o corpo ou tire uma sonequinha por ali mesmo.



Quando eu morava em Cachoeira, cidade localizada no Recôncavo da Bahia, eu juro para vocês, que costumava a deitar nos bancos das praças. Lá fazia muito calor, não tinha como eu ficar em casa, então a saída que me restava era, muitas vezes, tirar um cochilo gostoso com o ventinho refrescando-me nos benditos banquinhos de praça.



Imaginem se essa moda de banco “antimendigo” pega no Brasil todo? Coitada das pessoas que tem o mesmo costume que eu tinha.



Engraçado que em certas culturas orientais, principalmente na China, é comum que os cidadãos descansem um pouco após o trabalhão ou almoço, e eles costumam a deitar nos ditos banquinhos de praça. Imaginem se o banquinho “antimendigo” chega lá? Digam: adeus sonequinha gente!



Mas deixando um pouco a ironia de lado, e falando sério. Estão fazendo uma limpeza na cidade, além do pessoal não ter onde morar nem dormir, ainda querem tirar o sono das pessoas no único lugar que lhes resta. Quem será o fantástico criador dessa divisória? Eu jamais quero conhecer. Não tem nada demais o pessoal dormir nos bancos, afinal eles estão ali para serem utilizados, seja deitado ou sentado, a finalidade de um assento é justamente servir de apoio para nos acomodarmos. E os bancos não ficam ocupados com pessoas deitadas o dia todo, sempre tem algum vago. Por que não deixa-los dormir?



Pois vejam, como os nossos políticos brasileiros andam gastando a criatividade. E fazendo um bem danado aos burgueses de plantão. Vamos limpar a cidades desses “preguiçosos” que não querem nada com a vida. Será mesmo que colocar uma divisória vai acabar com a imagem feia da cidade? Por que eu posso deitar e um mendigo não? O que faz com que eu seja melhor ou pior do que ele? Sei que são perguntas que jamais vão ser respondidas nem entendidas por pessoas que tomam atitudes dessa forma.



No entanto, eu sei que adotar medidas como essas não ajudam os mais necessitados a saírem da condição atual em que vivem. Um banquinho a menos ou um banquinho a mais não vai fazer com que eles sumam e que as desigualdades desapareçam das fotografias dos turistas. Por que ao invés de criar um novo tipo de assento, não elaboram um projeto que incentive essas pessoas a trabalhar? Por que não lhes dão oportunidade? Não, é preferível jogar para os cantos.



O repórter na matéria onde li sobre os banquinhos diz que eles preferem dormir lá a se alojarem nos abrigos que a Prefeitura lhes oferece. Bom, alguma coisa tem aí de errado, não? Por que eles estão rejeitando? Bem tratados é que não devem ser. Isso me lembra uma outra história que presenciei de um garotinho de rua lá na cidade de João Pessoa.



Estava eu e meu namorado jantando numa lanchonete, quando percebo um garotinho se aproximando para pedir comida. Lhe demos um cachorro quente com guaraná e começamos a conversar com ele.



Não recordo mais o nome do garoto, mas estava ele comendo o que tínhamos lhe dado e o irmão dormindo no chão. Ele nos contou que não tinha casa e que o pai trabalhava com reciclagem de latinhas, era um daqueles catadores. Ele disse que quase não via o pai, e que morria de medo de ser pego pelo juizado de menores. Perguntamos o por quê? E ele simplesmente respondeu: “Eles batem na gente”.



É assim o tratamento que dão aos mendigos, não generalizando, mas a realidade é essa, desse jeito qualquer um prefere dormir num banquinho, né? Quer dizer, agora nem banquinho tem mais....

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