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Friday, April 24, 2009

É com chuva que termino o livro











Essa mudança de tempo acaba comigo. Semana passada o maior calor. Hoje um pouco de frio e chuva se tornam a combinação perfeita para uma pessoa como eu ficar gripada.

Desse jeito fico sem vontade de sair, andar por aí. Detesto chuva. Ainda mais porque os meus tênis sempre estão furados na sola e entra água. Se fosse só o friozinho estava ótimo.



Enfim...Nessas condições fiquei em casa por um bom tempo e deu para terminar de ler “A menina que roubava livros”. Eu quase choro. Nossa, o livro é muito bonito.

Ele é narrado pela morte. Ela conta a história de Liesel Meminger, uma garotinha que tem uma vida sofrida. Primeiro porque presencia a morte do irmão. Depois é entregue pela mãe à uma família desconhecida. E terceiro porque vive na Alemanha

Nazista de Hitler.



É uma história que não aconteceu de verdade. Mas o autor Markus Zusak foi inspirado também por fatos, daquela época, vividos por seus pais. Então podemos dizer que não é nada surreal, que fragmentos daquele livro possam realmente ter existido em alguma parte desse planeta.



As cenas de bombardeio. A fome. A miséria da qual o povo alemão vivia també

m é como nos alojamos na história. Sentimos frio, ouvimos as pessoas chorarem. Somos levadas até elas ao fundo de u

m porão para nos escondermos das bombas. E presenciamos Liesel nos confortar com a leitura de um dos seus livros prediletos.



Contando assim parece uma história bastante triste. Mas há momentos de alegria, por exemplo, quando as crianças colocam em prática sua criatividade aflorada. O amigo de Liesel, Rudy é caracterizado como o menino que passou carvão no corpo. Por que? Ah, ele queria ficar parecido com o atleta negro, Jesse Owens, o qual ele era muito fã. São simples acontecimentos que fazem do enredo algo gracioso e ao mesmo tempo triste.



O livro tem várias vertentes, e umas delas mostram-nos também os muitos lados de um ser humano. Aqueles que se sensibilizam com o sofrimento alheio e aqueles que sentem prazer com isso. Digo isso porque há trechos chocantes,

como a parte em que os judeus são obrigados a marcharem pelas ruas, humilhados, arrasados e famintos. Alguns alemães riam da situação, achavam que era isso mesmo que eles mereciam. Mas outros como Liesel e seu pai de criação, sentiam-se profundamente abalados com aquele estado desumanizante do qual eram tratados os judeus.



É uma história que te faz lembrar do poder que as palavras tem. Como elas podem mudar o mundo.



Num post anterior eu já havia falado sobre o sim, hoje, é sobre tudo que acontece ao nosso redor. Como Hitler chegou ao poder senão através delas? Das palavras.



Por isso a garotinha que roubava livros entra em um conflito doloroso no final. Chegando até a rasgar um livro por ter ódio das palavras e ao mesmo tempo amá-las. Porque se não fosse por elas a morte não teria contando essa história e a garotinha não teria sobrevivido ao último bombardeio onde se encontrava no porão escrevendo no seu diário, ao contrario das demais pessoas que estavam fazendo suas atividades normais.



E odiava as palavras porque tudo que aconteceu na Alemanha era proveniente delas. E o seu maior desgosto foi ver o seu amigo judeu, Max, refugiado em seu porão por muito tempo ter ido embora para não colocar em risco a vida da menina e de sua família.



A menina que roubava livros é um tipo de história que te faz refletir sobre o mundo, sobre a vida, e principalmente sobre o ser humano.



Um trechinho de uma das minhas partes favoritas, talvez a que resume quase tudo o que falei:



"Ela simplesmente já não se importava.



Durante muito tempo, ficou sentada e viu.



Ela vira seu irmão morrer com um olho aberto, o outro ainda no sonho. Dissera adeus à mãe e imaginara sua espera solitária de um trem, de volta para o limbo. Uma mulher de arame tinha-se deitado no chão, com seu grito percorrendo a rua, até cair de lado, como uma moeda rolada que houvesse perdido o impulso. Um rapaz pendera de uma corda feita das neves de Stalingrado. Ela vira um piloto de bombardeiro morrer numa caixa de metal. Vira um homem judeu, que por duas vezes lhe dera as mais belas páginas de sua vida, ser forçado a marchar para um campo de concentração. E, no centro de tudo, viu o Führer berrando suas palavras e passando-as adiante.



Essas imagens eram o mundo, que cozinhavam em fogo brando dentro dela, sentada ali com os livros encantadores e seus títulos manicurados. Fermentavam dentro dela, enquanto a menina olhava as páginas, com suas panças cheias até o gorgomilo de parágrafos e palavras.



Seus cretinos.



Seus cretinos encantadores.



Não me façam feliz. Por favor, não me saciem nem me deixem pensar que alguma coisa boa pode sair disso. Olhem para meus machucados. Olhem para este arranhão. Estão vendo o arranhão dentro de mim? Estão vendo ele crescer bem diante dos seus olhos, me corroendo? Não quero ter esperança de mais nada. Não quero rezar para que Max esteja vivo e em segurança. Nem Alex Steiner.



Porque o mundo não os merece. "

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