
Pessoas corriam, gritavam, e os tiros passavam em forma de vulto ao meu lado. Não era coragem. Era subterfúgio. O medo nos leva a tomar atitudes inexplicáveis. E essa era a minha.
A polícia já havia sido chamada, eu corria e ligava através do celular. O péssimo ladrão que me encontrava não conseguia acertar um tiro, nem de raspão. Esse era o meu dia de sorte. A primeira clínica com seguranças soou para mim como uma salvação, entrei gritando: “Socorro, socorro”!!
Com armas na mão eles estavam preparados para qualquer tipo de ameaça, mas o bandido havia encenado uma peça. Andava devagar como se não tivesse feito nada.
Os rapazes me ajudaram, estava em estado de choque. Não lembro quantos copos de água com açúcar tive que beber para o meu nervosismo acuar.
Depois, chuvas de perguntas. E o meu corpo não conseguia responder a nenhuma delas. Eu causei um tumulto e não
conseguia explicar o porquê. O bandido saiu ileso. Ninguém ouviu os tiros anteriores, não tinha uma pessoa para testemunhar ao meu favor. E eu ali. Quieta. Nenhuma palavra proferida.
Num gesto súbito, sem pausa para pensar. Corri. Corri o máximo que pude. E ele estava ali a me aguardar. Era um rapaz orgulhoso e vingativo. Atirou. Cinco vezes contra mim. E as cinco foram bem sucedidas.
O barulho ressoava. Consigo ouvi-los agora. CONSIGO OUVI-LOS AGORA!!! AHHH!!!
AHHHHHHH!! SOCORROOOOO!!!
- O que foi amor?? Acorda amor??? Acorda amor!!!!
- Ah, o que? O que foi?
- Você estava gritando! Pedindo por socorro. Calma, foi só um pesadelo!
- Hahahahha!
- Pesadelo não amor. Esqueceu que hoje é dia 1 de abril? Te peguei, querido!