Sempre quando viajo trago boas lembranças dos lugares, mas o contato com os amigos e pessoas ao redor deixam o local muito mais fantástico. Digo isso porque nesta viagem ao Vale do Capão não visitamos nem um terço dos lugares que ainda se tem para conhecer, a explicação para isto é valiosa, conversas até o dia raiar nos faziam dormir de madrugada, logo acordar não era uma das ações mais fáceis.
Comentários a parte, vamos ao que interessa: o segundo dia de viagem. Depois do café, que vocês já conhecem, fomos à trilha, desta vez bem mais cansativa que a primeira. Muitas pedras para pular, pequenos riachos, a água estava mais gelada que no primeiro dia, levamos cerca de 40 minutos para chegar a cachoeira da Angélica.
Alguns terrenos eram um pouco inclinados, eu que não sou nada equilibrada, tinha a todo momento que apoiar as mãos no chão para passar de uma pedra enorme para outra, mas consegui chegar inteirinha no local. Creio que de todos os passeios, esse foi o que menos agradou.

O local é bastante visitado, nosso grupo não ficou sozinho um minuto enquanto estivemos por lá. A explicação também é porque o lugar é passagem para outra cachoeira chamada de Purificação, dizem que a água é a mais gelada de todas, quando você toma banho, até a alma vai embora de tão fria. Purifica tudooo.
No terceiro dia fomos para Riachinho, uma cachoeira de quase 10 metros, tem uma visão belíssima, acho que foi o passeio mais legal, e neste dia eu consegui cai na água gente! Viva pra mim!
A trilha para Riachinho tem um pouco de altura, alguns declives, mas nada que impeça alguém de chegar, também fácil acesso, mas muito movimentada.
Logo que você chega, parece que a natureza realiza um processo de hipnose, a cachoeira é linda, muita alta, uma cor amarelada que dá o toque final a pintura esplêndida que é Riachinho.
Fiquei um tempo paralisada, depois tomei coragem e disse a mim mesma “Hoje vou enfrentar o frio”. Caí na água de uma vez só, tem umas piscininhas rasas que dá para relaxar bastante.
À noite fomos a uma pizzaria muito famosa no Vale do Capão que serve pizza com ingredientes naturais, a mais gostosa é a de cenoura. Não há como descrever aquele sabor, nunca tinha comido uma pizza tão saborosa. Ela possui a massa fininha, mas o recheio tem um gosto viciante, acho que comi umas seis fatias brincando.
Depois, na pracinha da cidade teve a apresentação da banda de reggae Mosiah de Salvador. Eles tocaram MPB e muitos covers de Bob Marley, o pessoal, claro foi a delírio. A comunidade é bem alternativa, você observa muitas pessoas de dreadlock, saias indianas. O consumismo é rejeitado na região, na pizzaria mesmo, não servia coca-cola. A garçonete respondeu “não trabalhamos com este sistema” quando perguntamos pelo refrigerante.
O Vale do Capão é bem inspirador no sentido de largar tudo e apreciar o que existe de mais bonito na vida, o convívio com as pessoas e o prazer que é estar em contato com a natureza.
No dia seguinte, viajamos de madrugada para Feira de Santana para fugir do engarrafamento, o domingo foi todo na estrada, mas valeu a pena... já estou com saudades!