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Friday, July 8, 2011

Se for pra ler um diário, que seja de Anne Frank


Hoje foi um dia triste para mim. Não se preocupe, não aconteceu nada demais em minha vida, mas terminei de ler o “Diário de Anne Frank” e não há como ficar intacta depois de analisar tudo que esta garota judia de apenas 15 anos escreveu durante o período que vivenciou o Nazismo.

No livro, a história começa com a vida de Anne antes das privações. A garota estudava, tinha fama de inteligente e era muito geniosa. Ela estava iniciando a adolescência quando teve que se alojar junto com outras sete pessoas em um anexo localizado no sótão do prédio onde seu pai Otto Frank trabalhava, na Holanda.

Este local já era planejado há muito tempo por seus pais, caso houvesse necessidade de refúgio, como aconteceu depois que receberam uma notificação da SS convocando a irmã de Anne, Margot . Nesta altura todos já sabiam dos campos de concentrações e das maldades realizadas com os judeus.

No “Anexo Secreto”, como a garota assim chamava o esconderijo, Anne vive dois anos de sua vida, chegou lá aos 13 anos, com a mente efervescendo de questões a respeito do mundo e de tudo que estava acontecendo.

Ela relata suas alegrias, suas tristezas, a decepção com a mãe. Um dos pontos que Anne mais aborda é o relacionamento complicado com sua genitora. Elas não se entendiam muito bem, Anne dizia ser tratada como criança e ficava chateada quando opinava sobre algum assunto e a mãe a repreendia. São tantos momentos que não há como não se identificar em alguma página com as questões levantadas pela garota. Quem nunca passou por conflitos dentro de casa com os pais, não é?

Nesse turbilhão de sentimentos, Anne ainda tem que conviver 24 horas por dia com a família, sob o medo de delatarem o esconderijo, ao som de tiroteios e bombas ao redor do prédio.

Há um trecho em que ela diz: “Tenho uma novíssima receita para os tremores provocados pelos tiroteios, quando os disparos ficarem altos, vá até a escada de madeira mais próxima, corra para baixo e para cima algumas vezes, procurando tropeçar pelo menos uma vez. Com os arranhões e o barulho da correria e das quedas, você nem poderá ouvir os tiros, quanto mais se preocupar com eles. Sua amiga testou essa fórmula, com grande sucesso”. Isso é triste demais gente....

Durante os dias, a garota narra os acontecimentos e os avanços contra o Nazismo. Ela fica sabendo das notícias através das pessoas que estavam ajudando sua família e também pelo rádio.

O diário de Anne também é marcado pela esperança da garota em voltar a estudar o mais rápido possível, ela sente falta da vida na escola, da liberdade, da natureza, de poder caminhar pelas ruas sem medo. Sua preocupação é não ficar atrasada na escola, por isso, lê o que pode, mantém os estudos em geografia, história e até mesmo álgebra, matéria que não suportava. Nisto, me identifiquei novamente, a opção por humanas e o desleixo com exatas. E não é que a garota desejava ser jornalista?

Ela adorava escrever e o diário surge como um refúgio para as dores que não poderia expor dia após dia. É seu meio de falar sobre tudo sem medo de ser repreendida, de questionar a atitude dos adultos da casa, de pensar sobre amores e até mesmo descobrir informações sobre o seu próprio corpo e sexo. É com Kitty (nome dado ao diário) que Anne pode falar sobre tudo sem medo.

E pelo fato de ser um diário, ás vezes a impressão é de que a garota está conversando com a gente, e como eu estava acostumada a ter todo dia uma novidade sobre sua vida, fiquei com saudade quando o livro acabou.

A vida de Anne não foi fácil no anexo, ela relata a fome, a comida que está acabando, o uso do banheiro que em alguns momentos no dia não podem dá descarga por conta do barulho nas tubulações. O mal cheiro, a higiene precária, os ratos que começam a proliferar, tudo isso fez parte do cotidiano da menina que antes tinha tudo, já que era filha de pai banqueiro.

O fato curioso é que Anne está sempre de bom humor, mesmo nas situações mais complicadas ela consegue deixar, a partir de seu ponto de vista, a história engraçada e não há como não admirar o seu “jeitinho” diante de tanta desgraça comandada por Hitler.

Veja este trecho: “Quando penso em nossas vidas aqui , geralmente chego a conclusão de que vivemos num paraíso, comparado aos judeus que não estão escondidos.Do mesmo modo, mais tarde,quando tudo voltar ao normal,provavelmente vou ficar me perguntando como é que nós, que sempre vivemos com tanto conforto, pudemos afundar tanto. Estou falando com relação as boas maneiras, por exemplo, a mesma toalha cobre a mesa de jantar desde que estamos aqui. Depois de tanto uso, é difícil encontrar uma parte sem manchas”.

Eu só tenho elogios a fazer a esta garotinha que infelizmente não sobreviveu à derrubada da Alemanha e não pode saber que um dia seu diário seria publicado em tantos países para que conhecêssemos sua história. 

A linguagem do diário é simples, não é cansativa e vale muito a pena ler por conta da experiência de vida relatada pela garota em dois anos, portanto, fica a dica.

Neste link você pode visualizar o anexo, é o site do museu de Amsterdã em 3D.



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