Lindo!!! Tem no Need For Speed Underground???
Nos anos 1980, bombava a tendência de oferecer um mesmo carro, com poucas alterações específicas para cada mercado, em vários países mundo afora. No Brasil, fizeram parte deste clube o Monza, o Escort, o Uno... A mania não esfriou na década de 1990: um dos carros lançados naquela época, o Fiat Vialinho Palio, conquistou de cara seu espaço, alcançou muito sucesso e vive hoje na decadência que indica a proximidade de uma nova geração. Pena que ele não cumpriu a missão de matar o velho Unolla.
Puxando pelo início, o Palio era o projeto 178. Além de ser o carro popular da Fiat em diversos países (exceto na Itália, onde o primeiro Punto já era produzido), ele (e suas derivações) deveriam encerrar a carreira de Mille, Elba, Duna (Premio) e Fiorino. Quando o Palio foi lançado, em 199666, apresentava design bem discutível e cores berrantes, como verde-claro e laranja, que tinham nomes de várias cidades do mundo, para reforçar a imagem de carro mundial. As rodas de liga “esburacadas” da versão EL eram bem engraçadas ou não.
Ao menos o Palio se preocupava com segurança: tinha air-bag duplo como opcional, barras de proteção lateral e podia ser adaptado para atender aos portadores de necessidades especiais (existia até uma versão com porta traseira corrediça!), embora um item básico de segurança como o cinto não fosse retrátil. Destaque para a versão ED, completamente nua, com rodas de ferro do Mille cobertas por calotas copinho, piscas laranjas, para-choques pretos, retrovisor só no lado esquerdo e vários buracões no painel (só faltou ter sido lançado nos anos 1970).
Logo depois, em 1997, surgiu a versão Weekend, designação para as peruas da Fiat. Meses depois era a vez do Siena, que tinha traseira horrível. E finalmente em fins de 1998, a Strada. As duas últimas ganharam versão Adventure após algum tempo. Pena que a versão conversível não saiu do papel.
Cabelos ao vento!!!11
A linha Palio virou cobaia para os “inventos” da Fiat. Na primeira geração, foram só bombas: o motor a álcool (um fracasso, e bebia demais), o motor 1.3 Fire (uma bomba, literalmente), o câmbio de seis marchas (era bom, mas não combinava muito com um motor 1.0, tanto que saiu de produção pouco tempo depois), porém nada comparado ao sistema semi-automático Citymatic, algo parecido com um automatizado (também não tinha pedal de embreagem e emitia um bip quando se fazia trocas de marcha erradas), mas com a desvantagem de continuar a ter que passar as marchas como um otário num modelo manual.
O sistema de passar marchas sem apertar a embreagem não fez sucesso no Brasil…
A Fiat apostou alto no sistema e falhou epicamente na popularização do sistema. Não satisfeita com a reprovação deste sistema, a GM lançou o similar Autoclutch no novo Corsa, e também se lascou.
WTF? Gol G3?
O Palio recebeu sua primeira reestilização em 2000, com faróis notavelmente roubados do Gol G3 e traseira que parecia buscar inspiração no Celta. Pelo menos seu interior ganhava um pouco de "luxo". Suas novidades em relação ao modelo anterior foram o Follow Me Home (deixa os faróis acesos por uns minutos após a chave ser retirada do contato), imobilizador eletrônico V.E.N.I.C.E. e CD Changer (podiam-se guardar cinco CDs na “gavetinha” improvisada do Palio, que foi o primeiro nacional a trazer o item como opcional). O Palio foi vítima do trote da Fiat, ao ganhar motor Flex, e ficou viciado em álcool pelo resto da vida. Sem falar que o coitado recebeu o motor 1.8 8v PowerTrem da GM, que tinha três cavalos a menos que o antigo 1.6 16v (o que ele fez para merecer isso...).
Vítima de envelhecimento precoce, já em 2003 o Palio estreava sua terceira "geração". Sem dúvida foi o melhor modelo produzido até agora, pois além do embelezamento externo (o design foi obra de Giorgetto Guigiaro, que também reestilizou a segunda geração), ganhou também interior renovado, embora apertado como na primeira geração. O farol parecia muito com o do Corolla, mas, diga-se, foi inspirado no do Alfa Romeo 147 (haja imaginação...). As experiências pelas quais o Palio passou na terceira geração foram a instalação do computador de bordo MyCar, sensores de estacionamento, de chuva, sensor crepuscular, side-bags... Depois, em 2005, veio a versão “esportiva de mentira”, a 1.8R. Também apareceu um protótipo elétrico, mas em terras tupiniquins ele passou longe de se tornar realidade,
Em 2006, pensava-se que o Brasil receberia o “novo” Perla da China, uma reestilização bem brega do Palio. Não é que o modelo brasileiro conseguiu ficar pior??? A quarta geração era uma aberração sem pé nem cabeça, uma tranqueira que, segundo o desenhista dessa merda (Peter Fassbender), foi feita para impressionar a patroa, pois ela não notava que os carros da Fiat mudavam (deve ser cega). Çaporra chegou em 27 de fevereiro de 2007.
Pois bem, o Palio ficou bem mais quadrado na nova geração. A frente tentava agradar homens (robustez e esportividade) e mulheres (linhas limpas), sem agradar a ninguém. A lateral ficou poluída com os contornos dos para-lamas acentuados e o vinco (que fazia confirmar que as portas são desalinhadas). E a traseira virou uma porquice das mais estranhas já vistas no País, com uma lanterna digna de Daihatsu Charade, tampa do porta-malas batida e para-choque franciscano. Sem contar que pela primeira vez, o painel não mudava numa nova “geração”. Os botões do meio do console foram para as alavancas do volante, para economizar R$ 0,35 de fiação. O farol piorou, pois passou a ser parábola simples ao invés de dupla. Resumindo, uma aberração de fábrica que desde o lançamento toma pau em vendas de outros compactos, inclusive dentro da própria Fiat.
Mister Brega 2008
Siena, Weekend e Strada chegaram com frente nova, e o Palio a recebeu no começo de 2009, junto com cromadinhos na lanterna. Nem precisa dizer que foi pouco para animar o astral. Hoje perde em vendas para Gol, Uno, Celta, Classic, Strada e Siena. Falta pouco para perder para o Audi R8, Chana, ar-condicionado Split e para os times da quarta divisão do futebol. Sua última mudança foi o motor 1.6 E.TorQ, além do câmbio automancatizado Dualogic.
Próxima Geração
Finalmente a Fiat lançará em breve uma geração moderna do Palio (a segunda, já que todas as outras foram reestilizações em cima da mesma carroceria de 1996).
Espera-se que o modelo tenha visual mais refinado, com toques de Punto e Volvo C30 (dorgas?), além de um interior moderno e refinado, e motores 1.4 e 1.6. Apesar de parecer uma novidade tentadora, logo será comum e cairá nas mãos dos manolos como qualquer carro da Fiat.
Perfil dos donos
Esse faz parte dos 16% adeptos das portas voadoras
Dispensa muitos comentários, já que o Palio é um carro para as massas, e as massas certamente não têm bom-gosto. Os Palio são rivais dos Gol inclusive nos rachas e nos campeonatos de som, onde o dinheiro investido nas makinas certamente daria para comprar um carro bem melhor. Os donos de Palio sempre querem tomar sua vaga no estacionamento, falam ao celular ao volante, dirigem em zigue-zague, e quando colidem com seu carrão, sempre querem ter a razão (isso quando não morrem no acidente, claro).
- 109% tiveram problemas logo após saírem da concessionária
- 100% ganharam um Palio na rifa
- 99% confiou piamente no marcador de combustível digital e ficou a pé (toma!)
- 96% colocaram adesivo da Família Feliz (com mais de oito integrantes)
- 91% se cortou em alguma rebarba da carroceria
- 87% já caiu do banco, que é muito mole
- 75% compraram o som da H-Buster da promoção do dia dos pais, bateria Optima, caixas de som e amplificadores, e gambiarraram o sistema para montar um quarteto elétrico
- 62% concorda que todo carro fica mais bonito com os faróis do Palio 3
- 54% deram Mille de entrada e pagaram em 108x com juros especial (para o Banco do Brasil)
- 47% capotaram na primeira curva a 70 km/h
- 32% apelaram para esticar o entre-eixos e remendar o carro
- 16% instalaram portas Lambosgóia
Verdades
- Existe o Fiat Palio Abarth, mas voltado apenas aos ralis. Começou custando US$ 100.000 e tinha 165 cv. Como se vê, perto dele o Palio 1.8R parece um carro de tiozinho.
- Felizmente a Fiat pensou bem e não lançou um Palio Hatch Adventure...
- O
PaiaPalio já teve inúmeros motores! Praticamente um motor para cada ano de existência. São eles: 1.0 8v Fiasa, 1.0 8v Fire, 1.0 16v Fire, 1.3 8v Fire, 1.3 16v Fire, 1.4 8v Fire, 1.5 8v Fiasa, 1.6 8v Sevel, 1.6 16v Torque, 1.6 16v E.torQ, 1.8 8v GM Powertrain e o elétrico, sem contar o AP adaptado que, de tantas unidades que rodam com ele, considera-se como versão (se bem que a princípio tentava-se usinar o motor Turbo do Marea, mas desistia-se pelo altíssimo custo de manutenção, ainda mais em caso de fundimento). - As cores do Palio de quarta geração foram escolhidas pela equipe da Fiat, pois em pesquisas os donos diziam gostar de fazer os pedestres sentirem enjôo e desde a primeira geração não tinham como fazer isso. Mais recentemente isso ocorre com o novo Uno.
- A suspensão do Palio é mais mole que gelatina.
- A Zotye fez um extenso face-lift no Palio que o deixou com cara de Volkswagen, mas ainda assim anos-luz à frente da coisa que é vendida no Braçil.
Novo Palio China Edition
- Atualmente, 98% das vendas de Palio são do modelo Fire. E ainda dá para çaporra ficar cara: R$ 38 000 completo! Mas certamente bem menos que um Palio G4 completo, que chega perto de R$ 52 000 (O.o)
- Hoje em dia Siena e Strada vendem muito mais que o Palio.
- Está mais fácil comprar um Palio que Nissin Miojo, pois o macarrão instantâneo só pode ser comprado com nota fiscal, só dá para parcelar em 10 vezes no cartão e não pode ter o tempero vendido separadamente, sem falar que tem que levar a caixa de fósforos para acender o fogão como opcional.
- O Palio 1.8 era ótimo de estabilidade: passava reto em todas as curvas. Foi apelidado pela Quatro Rodas de “exterminador dos cones”!