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Thursday, December 4, 2008

E o vento vai dizer...




Jamais a tinha visto daquela forma. Mexia-se com tanta veemência que me dava medo. Será que tudo vai acabar agora, nesse exato momento? Pensei. Não, não acabou, mas o céu azulado de repente ficou negro, mal conseguia encará-lo. Faíscas de luz brotavam no céu, a rua antes movimentada, agora lembrava um certo deserto. As pessoas estavam em suas camas abraçadas, rezando talvez. Para que algum Deus a viesse protegê-las da escuridão que aconchegava a cidade.

Para falar a verdade eu nunca presenciei a minha cidade naquele estado. Santa Catarina desaba em água, mas em Feira sempre fez sol. E ontem não foi assim. O sol fugiu de nós. As trevas pareciam tomar conta de todos. Senti-me num verdadeiro inferno com pitadas de ar refrescante envolvendo o meu corpo.

Deixei a porta da sala aberta para observar melhor. Os meus animais não estavam contentes. Eles latiam sem parar. Eu não queria deixá-los sozinhos, por isso todos entraram e ficaram ao meu lado. Todos juntos. Gato, cachorro, gente, cachorro, gato, flor. Não se ouvia nada que não fosse à tempestade. Às vezes um ruído passageiro na rua, era na verdade alguém correndo da escuridão.

A luz acabou. Velas. Onde estão? Não sei, permaneço inquieta no escuro, pego o violão e começo a cantar. Cantar para espantar o medo da chuva. O medo da explosão ensurdecedora dos trovões pecaminosos que abalam a alma. Trovão, tupã. Tudo a mesma coisa. A manifestação de um Deus, para quem acredita. Para mim, apenas um trovão.




A árvore não pára, ela quer dançar no ritmo da chuva, mas não percebe que está presa ao solo. Movimenta-se bruscamente de um lado para o outro, o ritmo me dá medo. Filmo tudo para depois lembrar que naquele dia, Feira não foi à mesma. E para guardar aquele momento no coração, pois jamais voltará.
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