
Em minha cidade, Feira de Santana é tempo de Micareta. Festa popular que reúne milhares de pessoas em volta de um trio. É basicamente uma cópia do carnaval de Salvador, assim como toda micareta.
Eu nunca fui de ir para avenida, sair em blocos, essas coisas. Primeiro porque eu não gosto nem de axé nem de pagode. Segundo porque a cada ano que passa a violência aumenta e, eu confesso que tenho medo de passar por lá.
As noticias geralmente são defasadas. Os jornalistas não contam o que acontece ao todo, preferem comentar apenas sobre os bons momentos. Mas contrariando o que falei, foi divulgada recentemente a informação sobre uma pessoa que foi morta a tiros em pleno circuito. Imagine? Você lá pulando se divertindo, do nada um louco aparece armado e tira sua vida?
Não, eu não sou problemática, em relação à morte. Não tenho medo de um dia saber que não estarei mais viva. Mas sempre há confusões nesse tipo de evento, e com
partilha-lo é uma certeza de que você pode sair morto dali a qualquer momento. Então
prefiro optar por alternativas diferentes nesses quatro dias de festa.
Costumo a viajar, mas como vou fazer um show no domingo. Não no circuito, mas num
evento a parte, fiquei impedida de descansar em outros ares. Na verdade eu queria prolongar as minhas férias em Salvador, mas tive que voltar por conta disso. Estou tão triste de ter que fazer esse show. A minha banda já não tem uma sintonia, já não somos a mesma expressão criativa de tempos atrás. O convivo decai. E o sentimento de não poder fazer nada me consome. Eu já não quero mais compartilhar esses momentos. Por isso, esses são os últimos shows da gente, porque já estão marcados. E depois, eu saio para um novo futuro.
Mas mudando de assunto...o que tenho feito eu, uma não-foliã ávida por trio elétrico? Assistindo filme. Comendo restos de ovos de páscoa
. Tocando meu baixo. Aproveitando para finalizar a leitura do livro “A menina que roubava livros”.
Esse livro está até me impressionando, geralmente best sellers são tão bestas. A história é sobre uma menina que vive na Alemanha, nos tempos de Hitler. A família dela ajuda um judeu. Há vários segredinhos nas entrelinhas que são descobertos através de
dicas. É um vai e vem danado. Mas eu estou adorando. Diferente, por exemplo, do Caçador de Pipas qu
e é bem fraquinho.
Bom, hoje o texto não vai ser longo, nem chato. Vou terminar por aqui, estou meio nostálgica hoje. Noite chuvosa, ao som de Teatro Mágico...Já viu né?
Amadurecência
O Teatro Mágico
A poesia prevalece!!!
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia não passar,
“O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...”
Pra pontuar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Não dever ao devir
Não deixar escoar a dor!
Nunca deixar de ouvir...
com outros olhos!