Sexo, histórias e questionamentos (Parte II)
Há muito que se falar sobre esse filme, por mim, considerado excepcional. Os diálogos travados em relação a homo afetividade mostram quanto preconceituosos algumas pessoas são mesmo fazendo parte desse mundo, não tão distante assim.
Digo isso porque a fase “sair do armário” realmente é difícil num mundo basicamente regido por leis héteronormativas. Posso citar aqui vários casos de amigos que sofreram muito quando propuseram assumir suas sexualidades.
Lembro do caso João*, em uma de nossas brincadeiras a lá verdade ou conseqüência tínhamos que beijar uma pessoa do mesmo sexo. Para ele foi uma guerra, queria se mostrar “macho”. Como poderia beijar um homem? Revidava. Mas aos poucos fomos jogando com argumentados, afinal, várias pessoas no grupo já tinha pagado a prenda e não seria ele que iria fugir. No fim ele se deixou vencer e mais tarde descobriu sua verdadeira sexualidade a partir desse jogo.
Acredito que o fato de se impor como “macho” muitas vezes é uma repressão interior, um medo de ser “homo” e não poder assumir seus próprios preconceitos. Vejo isso em muitas pessoas, porque o que há demais em amar
alguém do mesmo sexo? Por que se importar tanto com o amor de duas pessoas se é um assunto que não tem nada a ver com você, certamente é porque há algo dentro de si não resolvido. É como uma fofoca, se te envolve você se importa, mas se você não tem nada a ver, ás vezes pode até procurar saber por curiosidade o que foi, mas não se importa com os envolvidos, apenas repassa o que foi te informado, sem gerar ódio.
Em “After Sex” esses julgamentos são bem salientados. Há vários casos como esses, mas cada um com sua particularidade.
A menina que gosta que a amiga faça sexo oral nela, mas que jura não ser homossexual por ter esse tipo de relação. E inventa não querer se envolver com ninguém, apenas gosta desse tipo de sexo independente de quem esteja fazendo, seja homem ou mulher.
No entanto,o melhor dos casos para mim é do rapaz que acaba de ter finalizado um ato sexual com outro garoto. O mais experiente já saiu do armário, não tem vergonha em assumir que é gay. O outro insiste em pedir para que o primeiro não conte sobre a relação que os dois tem, pois ele jura não ser gay. Apenas estava experimentando. 
É bem engraçado a hora em que o experiente fala “Você gostou?”. E ele responde: “Não sei, estou pensando”. Claro que ele gostou e finge não saber. No final, ele recebe uma lição de moral do experiente, porque ele relata e desenvolve todo o sofrimento pelo qual passou simplesmente por ter medo de “sair do armário”.
E realmente, imagine para uma pessoa assim ter que conviver com alguém do sexo oposto por pura imposição? É a mesma coisa que casar com alguém que você odeia. É um tipo de tortura inigualável. Em pensar que todos os dias pessoas e mais pessoas são torturadas por não agirem nos ditos modos católicos ou de qualquer outra religião que pregue que homossexualidade é coisa do diabo. É esse o Deus que vocês acreditam? Eu continuo preferindo não acreditar.
Claro que um filme não vai fazer um preconceito vencer suas barreiras. Eu tentei fazer com que uma pessoa detentora de uma visão negativa sobre qualquer tipo de amor do mesmo sexo assistisse e tivesse o mínimo de reflexão sobre o que é viver num mundo assim, mas continuou intocável em relação ao assunto.
Pelo menos, sei que é um bom começo, pelo menos fazê-lo assistir para uma simples reflexão de que isso não tem nada de errado. O errado às vezes está em nós e a gente nem percebe. Para quem pediu o filme, nesse site tem o link para baixar ;)